Há cerca de quatro décadas
que mantenho um relacionamento,
ora turbulento ora pacífico,
com o divino.
Sigo as premissas de Jesus,
não porque se trate de Jesus,
mas sim porque são as premissas do amor
(o querer bem supremo),
e porque colocam um sorriso comum
na essência de cada um.
O eu, embora, por vezes, se sinta só,
percebe, em momentos cruciais, que nunca o está.
E o acto de entrega,
a doação do âmago,
traz esse calor que nos ampara
e abraça nas horas más.
Espanta-me que o mundo coloque na morte a sentença de deus.
A morte já não me assusta.
A minha fé diz-me que o caminho só é,
aparentemente, solitário até certo ponto -
e o fim, assim como o começo, não existe.
Temos apenas a ilusão de chegada e de partida,
quando, na verdade, t
udo não passa de intermitente estada sem despedida.
E é quando a, todas as manhãs, chegada
se finda
que sorrimos ao entendimento brusco
de que nunca fomos, só viemos.
" Vinde a mim" -
todas as de mim que chamo
e aprendo a amar e a aceitar.
Vinde, devagarinho, a mim,
enquanto vos busco.
( Conceição Sousa)
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