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sábado, 10 de novembro de 2012

Lá longe sinto-te meu regressar
naquele instante em que te pensas apagar
esvais-te na pele, cacto, roçando ao de leve
queima cá dentro, arde ao toque - név(o)a.
Na orelha mordo minha vontade de nós
nu(n)ca é o erógeno onde te saboreio
arranhas no sempre, em rubor, minha voz
tua barba arrepia loucura sedenta de dor
e na dureza do teu meigo rastejar
amplio meu desejo pelo fruto encolhido.
O peito arfa faminto em selvática guerra
o coração em batida retira e alcança
no ventre a noite trepa o cobre
da dança no amor rasgado e ferido.
Quando os movimentos fogem, escorrendo,
labaredas de fogo incendeiam húmidos corpos
e as correntes ejaculam elos apartados
fundem-se em mornos abraços lentos
suaves beijos percorrem o devastado mato.
E o tempo de matar é findo acto: amo-te.
Mato-me.

(poema: Conceição Sousa in "pontas soltas:nós")

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