Não percebo, muito sinceramente, qual é o problema...Há quem invista num carro, há quem invista numa casa, há quem invista numa viagem, há quem invista na roupa que usa, há quem invista no calçado e nas bolsas que carrega, há quem invista nas cirurgias plásticas, há quem invista em jantares e saídas à noite, há quem invista em todo o tipo de colecções, há quem invista no futebol, há quem invista na música, há quem invista no telemóvel de última geração... eu invisto na fotografia aproximada da minha alma com a minha gente no meu tempo. Se tiver de ir à falência, fui. Se houver quem deite exemplares do meu prazer ao lixo, houve. Se me disserem na cara que não gostam, paciência. É isto que, no momento, sou; é isto que, no momento, me apetece; é isto que, neste instante, faço. Amadurecer? Sim, mas não à espera que o vento venha, e me faça tombar, podre ( e já não comestível) no chão. Este é o meu tempo, não o teu. Aproveito-o o melhor que me sei e que me sabe. E é tão bom.

 (Conceição Sousa)