Para os que deambulam pelo mundo
que nem peregrinos em busca de sol,
e que nesse caminho,
de pés massacrados e joelhos sangrados,
sem o saber,
amparam e curam as quedas de outros peregrinos
em busca de sol...
para esses, uma palavra:
só escurece quem não se incendeia.
E se tu te incendeias, é porque, que nem um pirilampo,
tens a chama e encandeias.
Só escurece quem não se incendeia.
E quem se incendeia, precisa de água,
precisa de lágrimas para, no seu lume, se abrandar, se abrasar.
E é p'ra isso que o escuro serve,
é p'ra isso que, de vez em quando,
tudo enegrece em teu redor,
para que a água nasça dentro de ti,
para que possas te refrear,
e, aos poucos, continuar,
que nem um pirilampo, a dar luz, a dar à luz.
Se arderes tudo de uma vez, logo te extingues...
Por isso, abraça o escuro, beija-o, humedece-o, respira fundo,
e, meigamente, abrasadoramente, sopra-lhe a tua força,
indica-lhe a porta de saída, dizendo-lhe:
"- Muito obrigada ( porque fui mesmo obrigada!),
mas, ao que veio, já se cumpriu,
já serviu o que tinha a servir, agora...
apanhe a boleia deste rio de lágrimas
e vá inundar outro lado."
(Conceição Sousa)
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