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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Perscrutar aquele olhar daquela criança…
e tentar perceber o porquê daquela tristeza tão funda,
daquele silêncio baço a olhar na direcção dos meus olhos,
a tocar o sino frenético da aldeia em busca de socorro –
aquele silêncio tão baço, aquele grito inerte tão nítido…
dói-nos, meu amor, dói-nos… vem cá:
dá-me um abraço, sente o meu abraço.
Por uns segundos, deixa que o calor deste abraço entre no teu mundo,
e o clareie. Não tenhas medo.
As íris que se contemplam (explodem círculos gigantescos)
e, à distância de um atentar de fracção de instante,
abraçam-se e embaraçam-se. Não tenhas medo.
Só sei que não mereço, não mereço!
Não tens culpa, meu amor, não tens culpa.
Aceita o meu abraço, e o que está por detrás do negrume gigantesco dos olhos,
e ordena às lágrimas que o inunde e o lave –
que proteja os olhos da força daquele silencioso,
e já saudoso, abraço.
Não tenhas medo: segura-o no teu espaço,
ao nosso abraço.

(Conceição Sousa)

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