Posso não ter o teu tempo, mas tu tens o meu.
Posso não ser o meu tempo, mas tu sê-lo-ás, até mais do que eu.
E um dia saberás saber tudo aquilo que te dou.
E um dia saber-te-á, até mais do que agora (que a nada te sabe), o tudo,
como mesmo tudo, o que te dou;
pois ninguém - mesmo ninguém - fica indiferente àquilo que sou, amor.
E as avalanches causam derrocadas, e as derrotadas causam fendas, espaço por ocupar:
e amam como ninguém - pois quem está bem deixa-se estar.
Um dia, amor, vais me chorar.
Não é agora. É um dia...lá...longe...bem mais adiante: eu, a derrotada, a derrocada, a avalanche.
Um dia perguntar-te-ás: como não vi o que estava mesmo ali?
Nasceu, cresceu, aumentou de tamanho, não parou, continuou, rolou montanha abaixo, levou tudo à frente, e, passou por mim, e não me tocou - mas carregou o meu sopro, que com ela ficou.
Um dia perguntar-te-ás: como não vi o que estava mesmo ali?
Nasceu, cresceu, aumentou de tamanho, não parou, continuou, rolou montanha abaixo, levou tudo à frente, e, passou por mim, e não me tocou - mas carregou o meu sopro, que com ela ficou.
E tudo o que deixou p'ra trás, tudo o que me deixou é tão bonito: glaciar.
(Conceição Sousa)
(Conceição Sousa)
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