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sábado, 3 de novembro de 2012

tem dias em que apetece desistir,

tem dias em que o insistir é uma dor de alma (só nossa) -

um já sem fôlego cansaço, uma luta acabada na ausência de quem a faça.

tem dias em que o abandono das forças nos carrega ao colo,

em que os ossos doem de tanto suster a crente falta de consolo.

mas eis que aquela criança,a quem tudo dói ( sem paz na infância

nem abraço que a abrace), nos sorri;

eis que o amigo, a quem escapa a vida (e cujo corpo doente já não dá guarida),

nos dita, contente, a frase que é nossa;

eis que o desconhecido, a quem nunca vimos - e que, na verdade, não nos conhece -,

nos pára na rua e por tudo agradece: o tudo no texto que se oferece.

ao que vim, não sei; mas sei, seguramente, ao que vou :

que estas palavras te confortem na alma e, com toda a calma,

continuem a virar-me a face para a partilha delas:

no tudo habitado pela paz do que dou.

ao que vim, não sei; mas sei, seguramente, ao que vou.


(Conceição Sousa in "ai.como dói. esta dor.)

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