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sábado, 10 de novembro de 2012

És um sol.

És um sol que te iluminas e aqueces, 
e a tudo em redor,
mas o escuro
(a não-luz, o não-calor)
que te rodeia tenta,
a toda a velocidade (a todo o custo!),
enfraquecer-te, apagar-te...
e, simultaneamente,
sugar todo o teu calor,
toda a tua luminosidade.
Não para brilhar e aquecer o escuro em redor,
e sim para se transformar naquilo que tu és,
mas sem o ser para o restante.
Questão:
se não iluminam e aquecem o restante,
como poderão iluminar-se e aquecer-se a si próprios?
Nova questão:
se não iluminam e aquecem o restante,
como poderão transformar-se naquilo que tu és, sol?
Derradeira questão:
se te sugam e apagam,
como poderão continuar a iluminar-se e a aquecer-se?
Só existes porque eu existo.
Quando eu me acabar,
deixarás de existir
(pelo menos para mim).
Quando tu me acabares,
deixarei de existir
(pelo menos para ti).
Porque é quem acaba que se vive acabado.
Quem não acaba, continua iluminado e acalorado.
Pode é não ser visto, nem tocado, por quem o acabou.
Estou a tostar...

(Conceição Sousa)

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