Naquele momento,
as lágrimas apoderaram-se dos seus olhos
e ameaçavam inundar-lhe o discernimento.
Os músculos faciais esgaçaram de tal forma o peito
que o zumbido no ouvido entonteceu-a
e fez com que se desequilibrasse
ao ponto de avistar o abismo no chão a escapar-lhe dos pés.
Não compreendia o sentido da sua vida,
não compreendia o porquê de existir,
não compreendia, ao olhar-se ao espelho,
de trás para diante,
como era possível uma menina ( uma mulher!) tão bonita,
tão inteligente,
e tão sensível sentir-se tão descartada.
Seria por isso?
Por ser bonita, inteligente e sensível?
A vida era uma valente bosta.
E, apesar de todos os esforços, sentia-se assim: um desperdício -
até mesmo nos raros momentos em que não se esforçava nada.
(Conceição Sousa)
(Conceição Sousa)
Sem comentários:
Enviar um comentário