Podem chamar-lhe loucura ( o que quiserem!),
mas sinto-me uma privilegiada.
Algures, não muito longe no tempo,
e num espaço não muito longo,
o espanto assombrou-me ao dar-me conta de que um fio de seda,
quase imperceptível, de divino
levava-me por um trilho tão desconhecido quanto familiar
(chamo-lhe divino apenas pelo assombro,
e porque não sei explicar,
e porque me enlevou a um território sem gravidade).
Senti-me, de facto, abençoada
por ter sido tocada por um mundo encantado e mágico,
por ter sido levada ao colo pelo sorriso do etéreo
que me enlaçou num deslumbramento embriagado.
Não estava em mim, apesar de estar em mim.
E foi um tempo inebriante - tão especial quanto fulminante.
Acabou.
Mas basta pedir à memória o retorno da sensação,
e logo sei quem hoje sou: crente.
Podem chamar-lhe loucura,
mas foi esse período,
essa série sucessiva de eventos inomináveis
que permitiu a escrita do meu último romance,
assim, de um só rasgo.
Serei louca?
Só sei que está divino. Lindo. Perfeito.
Grata aos Céus ( ou a quem lhe faça a vez).
Tu percebes-me.
(Conceição Sousa)
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