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domingo, 4 de novembro de 2012

Se eu te pedisse de novo, a tua lágrima e o teu balançar de pernas aguardariam, lá no altar, a caminhada lenta da minha indecisão em tom de pérola?
Se eu me ajoelhasse de novo, estariam os teus lábios trémulos igualmente a sufocar a dúvida na entrada do véu eterno do meu sorriso?
Se o nó da minha garganta impedisse de novo as palavras de saírem, estariam os nossos cotovelos subtilmente, em segredo,
 a roçarem-se um no outro e a acertarem o ponto das nossas singularidades estranhas?
Sei que sim, meu amor.
Por isso peço e ajoelho de novo;
por isso, desta vez, as palavras outrora não ditas
são agora aqui, p'ra todo o sempre, escritas;
por isso acredito que um casamento afundado
nas mil águas de um dia tórrido de Agosto,
sujo na lama de um vestido rasgado,
e estendido pela mão do noivo ensopado na limusine do êxtase,
é mesmo ( tal como comprovam as fotografias amarelecidas pelo tempo) um casamento abençoado.
Amo-te, meu coração puro, meu homem sem pecado.

(Conceição Sousa)

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