Entrar na pele daquela personagem, imiscuir-me bem dentro dela, abrir os olhos: o que vejo pelos olhos que deixaram de ser meus? É doloroso. O que sinto nas entranhas do que deixou de ser as minhas entranhas? É novo, sim. É um desafio delicioso. O que ouço pelos ouvidos que deixaram de ser os meus? É feio, ai!, tão feio. Mas é feio p'ra ti escritor ou é feio p'ra ti personagem?Nem sei. Neste caso,nesta capacidade de audição muito específica, nem sei...É uma mistura. E o que fala a boca dessa personagem? O que fala a tua boca imaginária, escritor? Horrores. Uma total ausência de carácter, mais conduzida por posse e ciúme do que pelo discernimento. Viste-a em algum lado,só pode...e queres dar o teu recado, mas sem peixeiradas. Odeias a venda do peixe que não é peixe.Sabes que te consideram concorrência, logo querem te dizimar. Pois...competição agressiva...não é comigo. Estou sossegado,aqui, no meu espaço.Ganhaste (ou perdeste?). Aí não vou mais. Nunca gostei de sentir que estou a invadir,personagem. Oh!,não! Escritor...não me abandones! Sem a tua voz, quem me irá sentir neste mundo?
(Conceição Sousa)
(Conceição Sousa)
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