Sou uma menina com cabelo encaracolado e tom louro escuro doirado, tenho olhos esverdeados ou cor de avelã que, assim como o cabelo, alternam a tonalidade em contacto com a luz: ora a natural do amanhecer, ora a artificial a descobrir o anoitecer. Ruiva também posso ser. No ano de 74, num fim de Julho tórrido, diz a minha mãe, que me apressei a nascer, muito matutina, por volta das 7 horas - talvez por isso me encantem os primeiros raios de sol, terei viajado com eles, desde lá do alto para o primeiro toque do branco lençol. Registaram-me como mulher, talvez dois dias depois ( não sei ao certo), e chuchei nos mamilos de minha mãe uns dois meses, o tempo que nos destinaram os horários da fábrica que tanto nos magoaram. Ainda menininha, fazia as minhas próprias bonecas, com os trapos que a minha mãezinha trazia, os retalhos, "restos de produção que não prestam!", sorria.
E chamam-me Conceição, Sousa por sinal. Sou apenas mais uma alma que ousa prolongar o acto de criação: a minha concepção.
(Conceição Sousa)
E chamam-me Conceição, Sousa por sinal. Sou apenas mais uma alma que ousa prolongar o acto de criação: a minha concepção.
(Conceição Sousa)
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