Logo,
não vou beijar-te,
não vou abraçar-te,
nem sequer olhar-te;
logo,
não vou esperar que me beijes,
ou que me abraces,
ou sequer que me olhes;
logo,
vou sorrir à minha ruptura de ti,
vou me dar fôlego,
ao vazio de mim,
vou entoar,
por dentro do meu silêncio,
uma canção de embalar,
e vou adormecer,
nos meus braços,
o tempo do meu sol raiar.
Vou ser doce na minha queda aberta,
vou estar hirta na nova porta que range,
vou dançar o alívio da monção,
e alhear-me,
na névoa sem fim,
deste mundo nosso,
que farei cair assim:
auscultando tu,
ao longe,
a minha voz ausente
e a ferida - já inexistente -
do meu coração.
Logo; agora, não.
(Conceição Sousa)
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